Em busca de clientes com o paladar cada vez mais refinado, fabricantes de chocolates investem em matérias-primas de alta qualidade e não abrem mão do requinte na hora do acabamento. Os chocolates ganharam embalagens criativas, decorações manuais e até um toque de ouro comestível.
Os chocolates que utilizam ingredientes de alta qualidade em sua composição e que não são completamente industrializados, conhecidos como “gourmets”, costumam ser pelo menos três vezes mais caros que os convencionais e têm ganhado espaço no mercado. Para atender a um público cada vez mais seleto, os chefs recorrem a tipos de cacau de origens diversas, muitos importados, que permitem explorar aromas e texturas diferentes. Eles também lançam mão de uma infinidade de técnicas para explorar as variadas formas e cores que o chocolate pode obter.
Enquanto um ovo ao leite comum de um 1,25kg custa em torno de R$ 60, um ovo do mesmo tamanho que ganhou uma pitada de ouro no acabamento pode custar cerca de R$ 300. “Quem encomenda um ovo desse tipo quer dar um presente bonito e refinado e, normalmente, entende o que está comendo. Só o produto top de linha ganha esse tipo de acabamento”, conta Renata Arassiro, que tem uma loja de chocolates com o seu nome no Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo. A especialista conta que utiliza o ouro em pó, que tem origem francesa ou italiana, apenas para dar um toque especial. “O ouro é muito fino. Cada vez que a gente salpica, ele se espalha pelo ar.” Ela também produz bombons que ganham ouro no acabamento.
A chef Giuliana Loduca Scalamandré, da Brigadeiros by Cousin’s, também lança mão de flocos de ouro para fazer os detalhes da Marie Antoinette, que é uma metade da casca ovo de chocolate, recheada com creme de brigadeiro. “A versão original tem recheio de chocolate ao leite suíço, branco e morango, mas fica ao gosto do cliente. Temos mais de 60 sabores de cremes de brigadeiro diferentes”, conta Giuliana. Ela afirma que é preciso ficar atento para não se deixar enganar. “Existe uma diferença entre o pó dourado, usado na confeitaria, e o ouro em pó. O pó dourado dá apenas um brilho à receita. O ouro tem a forma de flocos, nunca de pó”, adverte. Ela conta que o mercado oferece ainda uma folha de ouro que é colocada na forma antes de se aplicar o chocolate. Confeitos em formato de pérola completam a decoração da Marie Antoinette, que tem cerca de 700 g, custa R$ 98.
Na prática, a adição de ouro agrega valor sentimental, financeiro e estético ao produto, segundo a professora Suzana Caetano da Silva Lannes, do Departamento de tecnologia Bioquímico-farmacêutica, da Universidade de São Paulo (USP). “O ouro em flocos não é absorvido pelo organismo e não apresenta toxicidade até então estudadas. Ele pode ser consumido sem prejuízo à saúde”, afirmou
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