Parte dos moradores que vivia em cima da estrutura do Túnel Augusto Lucena, na Zona Sul do Recife, ocupou a Câmara de Vereadores da capital pernambucana, localizada no centro, desde a noite de quarta-feira (22). As 36 famílias chegaram a dormir no local durante a madrugada, alegando não ter lugar para onde ir. No fim da manhã desta quinta (23), as famílias começaram a deixar o prédio da câmara para ir em direção à prefeitura da cidade, no Bairro do Recife.
Os moradores foram retirados de suas casas na manhã da quarta. A Diretoria de Controle Urbano (Dircon) destruiu os 47 barracos construídos no túnel. Após a desocupação, os manifestantes foram à câmara para
tentar uma conversa com representantes do governo. De acordo com a Prefeitura do Recife, nenhum morador da área irregular vai receber moradia ou aluguel social, pois a ocupação não é considerada “consolidada”, existindo há menos de um ano. De acordo com a advogada Carla Guareschi, do Coletivo de Luta Comunitária, houve uma reunião entre moradores e vereadores, mas não foi obtido avanço na negociação.
“As pessoas estão lá para tentar, novamente, conversar com a prefeitura para incluir o pessoal em algum tipo de cadastro ou assistência de moradia, como o auxílio. São 36 famílias, com crianças, que não têm para onde ir”, contou Carla Guareschi. De acordo com a advogada Gabriela Souto Alves, também do Coletivo de Luto Comunitária, a prefeitura ainda não procurou as famílias para sinalizar uma negociação.
A assessoria de comunicação da Prefeitura do Recife informou que representantes das secretarias de Governo, Controle Urbano, Comunicação e Assistência Social estão em reunião. Após o encontro, uma comissão será formada para dialogar com os representantes da comunidade do Bom Jesus.
Sobre a retirada das famílias, a Dircon informou que disponibilizou assistentes sociais para o acompanhamento dos moradores e equipes para levar os bens da comunidade para locais apropriados. O órgão disse ainda que fez um levantamento, identificando que a maioria dos casebres não era habitada e estava sendo disponibilizada para aluguel, o que seria ilegal, pois era uma especulação de área pública.
Confusão
Outro grupo de moradores da comunidade do Bom Jesus, que não teria passado a noite na Câmara Municipal, tentou invadir o prédio da prefeitura da capital pernambucana na manhã desta quinta-feira (24).
Os manifestantes agrediram os guardas municipais com socos e ponta-pés, e os guardas e motoristas da prefeitura revidaram as agressões, conseguindo expulsá-los. Os dois portões da garagem foram fechados. Outra parte das famílias seguiu pela entrada principal do prédio e chegou a derrubar uma porta de vidro.
Policiais militares e guardas municipais formaram uma barreira, impedindo a entrada das famílias. Os moradores continuam no térreo da prefeitura.
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