quinta-feira, 24 de maio de 2012

Famílias retiradas de túnel protestam por moradias no Recife

  Parte dos moradores que vivia em cima da estrutura do Túnel Augusto Lucena, na Zona Sul do Recife, ocupou a Câmara de Vereadores da capital pernambucana, localizada no centro, desde a noite de quarta-feira (22). As 36 famílias chegaram a dormir no local durante a madrugada, alegando não ter lugar para onde ir. No fim da manhã desta quinta (23), as famílias começaram a deixar o prédio da câmara para ir em direção à prefeitura da cidade, no Bairro do Recife.
Os moradores foram retirados de suas casas na manhã da quarta. A Diretoria de Controle Urbano (Dircon) destruiu os 47 barracos construídos no túnel. Após a desocupação, os manifestantes foram à câmara para
 tentar uma conversa com representantes do governo. De acordo com a Prefeitura do Recife, nenhum morador da área irregular vai receber moradia ou aluguel social, pois a ocupação não é considerada “consolidada”, existindo há menos de um ano. De acordo com a advogada Carla Guareschi, do Coletivo de Luta Comunitária, houve uma reunião entre moradores e vereadores, mas não foi obtido avanço na negociação.

“As pessoas estão lá para tentar, novamente, conversar com a prefeitura para incluir o pessoal em algum tipo de cadastro ou assistência de moradia, como o auxílio. São 36 famílias, com crianças, que não têm para onde ir”, contou Carla Guareschi. De acordo com a advogada Gabriela Souto Alves, também do Coletivo de Luto Comunitária, a prefeitura ainda não procurou as famílias para sinalizar uma negociação.

A assessoria de comunicação da Prefeitura do Recife informou que representantes das secretarias de Governo, Controle Urbano, Comunicação e Assistência Social estão em reunião. Após o encontro, uma comissão será formada para dialogar com os representantes da comunidade do Bom Jesus.
Sobre a retirada das famílias, a Dircon informou que disponibilizou assistentes sociais para o acompanhamento dos moradores e equipes para levar os bens da comunidade para locais apropriados. O órgão disse ainda que fez um levantamento, identificando que a maioria dos casebres não era habitada e estava sendo disponibilizada para aluguel, o que seria ilegal, pois era uma especulação de área pública.

Confusão
Outro grupo de moradores da comunidade do Bom Jesus, que não teria passado a noite na Câmara Municipal, tentou invadir o prédio da prefeitura da capital pernambucana na manhã desta quinta-feira (24).
Os manifestantes agrediram os guardas municipais com socos e ponta-pés, e os guardas e motoristas da prefeitura revidaram as agressões, conseguindo expulsá-los. Os dois portões da garagem foram fechados. Outra parte das famílias seguiu pela entrada principal do prédio e chegou a derrubar uma porta de vidro.

Policiais militares e guardas municipais formaram uma barreira, impedindo a entrada das famílias. Os moradores continuam no térreo da prefeitura.

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