quinta-feira, 24 de maio de 2012

Joanna Maranhão pede para não falar mais sobre o assunto abuso sexual

Vivendo o melhor momento técnico da carreira e contando os dias para cair na piscina em sua terceira Olimpíada, a nadadora Joanna Maranhão, de 25 anos, tornou-se o centro das atenções nos últimos dias. E o motivo não foi profissional, mas um combinado de acontecimentos relacionados ao tema abuso sexual, assunto responsável por desestabilizar a carreira da atleta durante algumas temporadas. Em fevereiro de 2008, a pernambucana contou que havia sido abusada por um ex-treinador e, justamente após essa revelação, se reergueu no esporte. Desde então, a atleta trava uma luta de superação pessoal e justiça, no intuito de ajudar outras vítimas desse crime.
Joanna voltou a ser lembrada por esse tema após a entrevista na qual a apresentadora Xuxa Meneghel revelou ter passado pelo mesmo trauma da nadadora. A similaridade entre as histórias e o fato de a lei que leva o nome de Joanna e altera a pena para crimes sexuais ter sido aprovada mexeram com o emocional dela. “Tive uma síncope vasovagal que, simplificando, é um desmaio causado por stress. Nada que uma respiração profunda, oração e o carinho da minha mãe e dos amigos não resolva”, escreveu a pernambucana em uma carta aberta à Imprensa, onde revela ter o esporte como terapia. “Fiz todo o processo doloroso de verbalizar e fazer terapia e minha vida está 100% focada no meu esporte, carreira e performance. O trabalho é minha terapia, o que me dá prazer e me motiva”, relatou.
A pernambucana está classificada para disputar três provas nas Olimpíadas de Londres, a terceira da carreira dela. Joanna nadará os 200 metros medley, os 200 metros borboleta e os 400 metros medley, prova responsável por impulsionar a carreira dela, depois do quinto lugar histórico em Atenas-2004. Como sofreu influências pessoais e profissionais antes e durante o processo de revelação pública do crime sofrido, Joanna, agora, quer se distanciar da repercussão do caso, no intuito de não desviar o foco da preparação olímpica. “Para buscar meus sonhos, preciso de paz: física e mental. Não estou me negando, de maneira alguma, a continuar na luta pela causa. Apenas peço, encarecidamente, que respeitem meu momento. Sei o quanto foi difícil conquistar essa classificação e quero viver o momento da melhor maneira possível”, destacou na carta.
LEI
A lei federal que leva o nome da atleta foi aprovada por unanimidade pelo Congresso Nacional na última sexta-feira. O documento traz como novidades a alteração nas regras referentes à prescrição dos crimes de pedofilia, estupro e atentado violento ao pudor praticados contra crianças e adolescentes. A partir da Lei 12.650, a contagem de tempo para prescrição dos crimes sexuais contra menores de idade começa na data em que a vítima completar 18 anos, caso o Ministério Público não tenha aberto ação penal contra o agressor anteriormente - até então a prescrição era calculada a partir da acusação.
Apesar do pedido de reserva, Joanna deverá ser convidada para a assinatura de sanção da nova lei, de autoria da CPI da Pedofilia, presidida pelo senador Magno Malta (PR-ES). O político adiantou a pretensão de solicitar à presidente Dilma Roussef um convite para contar com as presenças da atleta e de Xuxa para o ato oficial.

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