Em Brasília, o mandato do senador Demóstenes Torres foi cassado. Ele perdeu os direitos políticos por causa de ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O suplente que vai substituí-lo é o ex-marido de Andressa Mendonça - a hoje mulher de Carlinhos Cachoeira -, o empresário goiano, Uilder De Morais.
Poucas horas após a decisão, da cassação do mandato dele, Demóstenes Torres usou uma rede social para avisar que vai tentar recuperá-lo. Recuperar o mandato. Vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal. A Corregedoria Geral do Ministério Público de Goiás decidiu abrir um procedimento disciplinar para investigar o agora ex-senador Demóstenes Torres.
Na chegada ao Senado, nenhuma palavra. O ainda senador Demóstenes Torres seguiu para a sessão que definiria seu destino político. Passou o tempo todo acompanhado do advogado. Foram muitos acenos, poucos apertos de mão. E as acusações, lembradas uma a uma.
“Defendeu interesses de Cachoeira na Anvisa, no STTJ, no TJ de Goiás, no MP de Goiás, Ibran, no DNIT, na Infraero, na Receita Federal”, afirmou o senador Humberto Costa.
Três meses de processo, aberto a pedido do Psol, que relembrou o discurso feito em março, quando Demóstenes Torres disse que era apenas amigo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, apesar das gravações da Polícia Federal mostrarem mais.
“Primeiro, o representado mentiu para seus pares e para a sociedade. Houve quebra de decoro parlamentar”, disse o senador Randolfe Rodrigues.
Ora calado, ora falando com o advogado, trocando mensagens pelo celular. Assim ficou Demóstenes Torres enquanto ouvia os discursos. Até a hora de fazer o último apelo aos senadores.
“Eu não menti aqui, eu jamais menti aqui, tenho conduta parlamentar impecável. Cada qual que pague pelo que fez. Se Carlos Cachoeira cometeu crimes, cana nele. A culpa é dele, a culpa não é minha. Eu não fiz nada”, afirmou Demóstenes Torres.
Da tribuna, de onde muitas vezes cobrou dos colegas ética e transparência, nesses 9 anos de mandato, pediu perdão. “Me perdoem aqueles que levianamente eu ofendi. Não entrem por esse caminho. Isso é bobagem, atacar um colega. Aprendi amargamente. Também aprendi a perdoar. Perdão é coisa para homem”, disse.
Mas não convenceu: a maioria dos senadores entendeu que ele usou o mandato para favorecer os interesses do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Resultado da votação secreta: 56 senadores votaram pela cassação do mandato, 19 contra e 5 abstenções. Apenas um senador ausente.
E o ex-senador Demóstenes Torres foi embora, cercado por seguranças e assessores. Calado.
“É um dia que não traz alegria para nenhum de nós. Mas traz reflexão muito profunda de que devemos ter cuidado com nossos atos”, disse o senador Antônio Carlos Valadares.
À noite, na internet, Demóstenes Torres disse que vai recuperar o mandato no Supremo Tribunal Federal. E que foi cassado sem provas, sem direito a defesa e sem ter quebrado o decoro.
Demóstenes Torres, que estava no segundo mandato, vai ficar inelegível até 2027. E é o segundo senador da história a perder o mandato. Com a cassação o ex-senador goiano, perdeu o direito de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Mas, como é procurador, o processo dele será analisado pelo Tribunal de Justiça de Goiás.
Quem assume a vaga é o suplente, Wilder de Moraes, empresário goiano, secretário de Infraestrutura do governo de Goiás, que terá sete anos e meio de mandato. Ele foi um dos doadores da campanha de Demóstenes. Wilder foi casado com Andressa, a atual mulher de Carlinhos Cachoeira.
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