O governo venezuelano inaugura hoje (10) o terceiro mandato
consecutivo do presidente Hugo Chávez, que foi reeleito em outubro para
liderar o país até 2019. Em tratamento de saúde em Havana desde
dezembro, Chávez ficou impossibilitado de participar das cerimônias de
posse, e o vice-presidente, Nicolás Maduro, que ficará em seu lugar por
tempo indeterminado, convocou nesta manhã chanceleres e chefes de Estado
e de governo de países vizinhos, para uma manifestação popular em
frente ao Palácio Miraflores, no centro de Caracas.
Na
noite passada, Nicolás Maduro reuniu-se com os chanceleres e agradeceu o
apoio da presidenta Dilma Rousseff, com quem acabara de falar por
telefone, para informar sobre a decisão do Tribunal Supremo de Justiça, a
Suprema Corte venezuelana. Os juízes do tribunal aceitaram o pedido do
governo de adiamento da posse de Chávez, até que ele possa voltar à
Venezuela para assumir o cargo de presidente.
Desde
cedo, seguidores de Chávez, vestindo a cor vermelha do partido,
preparavam-se para a mobilização convocada pelo governo em apoio ao
presidente ausente. O presidente não é visto, nem ouvido há um mês –
desde que viajou a Cuba para submeter-se a uma cirurgia para retirada de
um câncer na região pélvica. Foi a quarta cirurgia feita pelo
presidente em 18 meses.
A decisão da Corte
Suprema foi questionada pela oposição, que acusa a Justiça venezuelana
de ter colaborado com um “golpe institucional” . “Foi uma decisão para
resolver uma questão interna do partido do governo”, disse Enrique
Capriles, candidato da oposição derrotado por Chávez na eleição de
outubro. Capriles ressaltou que, em outubro, o povo elegeu o presidente
(Chávez), e não o vice-presidente – na Venezuela, o vice é indicado pelo
presidente, quando assume o cargo, o que Chávez ainda não fez.
Maduro
não tem mandato para governar no lugar de Chávez, ainda mais por tempo
indeterminado, afirmou Capriles. O líder oposicionista ressaltou, porém,
que, apesar de discordar da decisão da Suprema Corte, vai acatá-la e
cobrar dos dirigentes chavistas que solucionem os problemas do país,
como inflação, desemprego e insegurança.
O
governo, no entanto, considera que a Constituição foi bem interpretada
pelos juízes. Chávez era presidente há 14 anos, quando foi reeleito. O
novo mandato, dizem os chavistas, é apenas a continuação do anterior.
Para eles, a cerimônia de posse é uma formalidade. O que ninguém sabe,
até agora, é quanto tempo durará o governo interino.
A
última informação oficial sobre a saúde do presidente, divulgada nesta
semana, dizia que ele está “assimilando bem” o tratamento de uma
insuficiência respiratória, provocada por uma infecção pulmonar. O
boletim médico informava, ainda, que a situação dele, embora delicada,
estava "estacionária".
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