sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Em meio a tensão, judeus ultraortodoxos querem máscaras antigás para a barba

Desde que a mídia local começou a anunciar um ataque iminente dos Estados Unidos à Siria, em represália ao uso de armas químicas contra civis, cresceu em Israel o temor de que o presidente sírio, Bashar Al-Assad, responda lançando mísseis contra as cidades israelenses. Nas principais cidades do país a busca por máscaras antigás quadruplicou, e a tensão já gera desconfortos dentro do próprio país, a exemplo dos judeus ultraortodoxos, que reclamam não haver máscaras especiais para acomodar suas longas barbas. 
A preocupação da população israelense remonta a primeira Guerra do Golfo, em 1991, quando o Iraque de Sadam Hussein, lançou mísseis contra Tel Aviv após ser atacado pelas tropas americanas.
Naquela época também havia o receio de que o Iraque lançasse mísseis carregados com armas químicas contra Israel. Todos os residentes no país foram instruídos a buscar máscaras de gás em centros de distribuição do Comando da Retaguarda do Exército israelense. Depois de verem as cenas de horror na Síria, os israelenses temem que o mesmo possa acontecer aqui.
Nos últimos dias, centros de distribuição de máscaras de gás das grandes cidades de Israel têm grandes filas. No entanto, as autoridades já admitiram que nos depósitos do Exército não há máscaras suficientes para toda a população. Segundo as últimas informações, restaram apenas
cerca de 40 mil máscaras nos depósitos, mas 2 milhões de pessoas ainda não as receberam.
De acordo com o governo, "não há necessidade de entrar em pânico pois a probabilidade de que Assad ataque Israel é muito baixa". Mas essas palavras não convencem muitos israelenses cuja ansiedade aumenta a cada nova informação sobre um ataque americano iminente a Síria.
Providências
A mídia local não contribui para acalmar os ânimos. A manchete do maior jornal de Israel, Yediot Ahronot, anunciava com letras colossais nesta quinta feira: "A Qualquer Momento", avisando o público de que a partir desta noite, as forças americanas poderão atacar Damasco.
Apesar dos pronunciamentos tentando acalmar a população, as autoridades tomam providências para qualquer eventualidade. A prefeitura de Tel Aviv instruiu artistas que ocupam os abrigos antiaéreos a limparem os locais e retirar objetos desnecessários, para caso a população precise correr para os bunkers que, em tempos tranquilos, são emprestados à classe artística.
O ministro do meio ambiente, Amir Peretz, instruiu as indústrias petroquímicas de Haifa a tomarem providências de emergência para proteger os depósitos de materiais químicos altamente inflamáveis. O gabinete de segurança do governo aprovou o recrutamento de milhares de soldados da reserva, principalmente da Força Aérea e das unidades de misseis antimísseis.
Sem máscaras para os barbudos
Em meio à tensão, ficam novamente evidentes o conflitos culturais entre religiosos e seculares.
Homens ultraortodoxos que foram buscar suas máscaras de gás nos centros de distribuição ficaram indignados ao descobrir que não há mais máscaras especiais para os barbudos. Até dois anos atrás o governo fornecia máscaras especiais para homens ultraortodoxos, que têm barbas grandes. As máscaras tinham um sistema de ventilador interno (movido a pilhas) e um grande espaço de plástico para os longos fios dos religiosos.
No entanto, como essas máscaras são muito mais caras do que as máscaras comuns para adultos, o governo decidiu parar de fornecê-las. Na ausência das máscaras especiais, os homens ultraortodoxos serão obrigados a cortar as barbas para se proteger na eventualidade de ataques quimicos, e vários dizem que terão que pedir permissões especiais de rabinos para fazê-lo. 
Vários ultraortodoxos disseram à imprensa local que consideram a decisão do governo de suspender as máscaras especiais um ato de "perseguição ao público religioso".
Pensamento positivo
Mais um sinal da tensão no país é a saudação dos apresentadores de TV ao final do noticiário da noite, substituindo o "boa noite" usual para "desejamos uma noite tranquila para todos".
O ministro da Segurança Interna, Itzhak Aharonovitz, pediu ao público que "não mude os preparativos para a festa de Rosh Hashana (Ano Novo judaico), prevista para a próxima quarta feira (4 de setembro), porém muitos israelenses se perguntam se poderão jantar calmamente com suas familias ou serão obrigados a ficar confinados nos abrigos antiaéreos. 
Mas vários outros israelenses preferem não pensar no perigo de uma guerra. É o caso de Sara Perez, 63 anos, proprietária de uma banca de jornais na rua Allenby, uma das mais movimentadas em Tel Aviv. "Não penso nisso e nem quero ouvir falar sobre isso", disse Perez ao Terra.
"Não tenho máscara de gás e não pretendo ir enfrentar as filas para recebê-la", acrescentou. "Se houver um ataque químico, pretendo colocar um pano molhado junto ao rosto para me proteger".
"Quando meus familiares tocam nesse assunto da guerra peço-lhes para mudar de assunto e falar sobre coisas positivas", disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário