segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Equipe da ONU conversa com feridos e coleta amostras de ataque químico na Síria

Os inspetores da ONU voltaram ao hotel em Damasco nesta segunda-feira após visitar Muadamiya, um dos subúrbios nos arredores da capital síria que teria sido alvo de um ataque químico. De acordo com as agências internacionais, a equipe entrevistou vários feridos e coletou amostras durante as três horas que permaneceu no local. Segundo um porta-voz do secretário-geral, Ban Ki-moon, ainda é possível que a equipe obtenha vestígios do suposto uso de armas químicas, mesmo depois de ter passado quase uma semana da investida. A inspeção sofreu um atraso por uma emboscada, que obrigou o comboio das Nações Unidas a retornar. Atiradores dispararam contra os seis carros que levavam observadores à área atacada, onde mais de 1.300 civis teriam sido mortos na última quarta-feira, segundo denúncias da oposição. Um dos carros danificado foi substituído. Ninguém se feriu.

"Mesmo com a passagem de alguns dias, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está confiante que o time será capaz de encontrar e analisar evidências relevantes sobre o incidente no dia 21 de agosto", disse o porta-voz Farhan Haq, em coletiva, acrescentando que as investigações desta segunda-feira foram produtivas.

Segundo Munzer Bahkous, membro da Coalizão Nacional Síria - que reúne grupos da oposição -, os especialistas da ONU passaram por uma clínica de emergência e conversaram com a equipe médica que tratou os feridos. Eles também se reuniram com sobreviventes do ataque e com familiares das vítimas. Outro local visitado foi a mesquita de Rawda, de acordo com o médico Abu Karam. Após finalizarem o trabalho, os inspetores se recusaram a comentar a visita.

O governo sírio culpou os rebeldes pela emboscada. Citando uma fonte do Ministério da Informação, a TV estatal informou que especialistas internacionais foram alvejados por "terroristas", termo normalmente utilizado para definir os combatentes que tentam derrubar o regime de Bashar al-Assad.

O comboio estava sob escolta das forças de segurança e uma ambulância quando deixou o hotel Four Seasons, em Damasco. Vestidos com coletes à prova de bala da ONU, os inspetores foram surpreendidos por francoatiradores.

"O primeiro veículo da Equipe de Investigação de Armas Químicas foi atingido deliberadamente várias vezes por atiradores não identificados na zona de proteção", informou o porta-voz, acrescentando que o carro parou de funcionar e seria substituído por outro.

Pouco depois de a equipe ter deixado o hotel, dois morteiros caíram na região, segundo a Reuters, citando a agência de notícias estatal Sana. Os explosivos, de acordo com a imprensa oficial, também teriam sido lançados por rebeldes.

A pressão internacional, elevada pela confirmação dos Médicos Sem Fronteiras de que centenas de pessoas teriam sido asfixiadas pelo ataque de quarta-feira, levou o governo sírio a permitir o acesso da equipe a subúrbios nos arredores de Damasco para investigar o uso de armas químicas. Os observadores, no entanto, podem ter dificuldades de encontrar provas. O tempo e os impactos de outros bombardeios subsequentes ao ataque químico à região podem ter apagado grande parte dos restos de gases tóxicos.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu nesta segunda-feira uma ação urgente caso o uso de substâncias proibidas na Síria seja comprovado.

"Não podemos permitir mais atrasos", disse.

O sinal verde do regime sírio para as Nações Unidas foi recebido com desconfiança pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, que já discutem uma intervenção militar. Os dois países afirmam que o governo de Assad pode ter apagado evidências. A Turquia afirmou nesta segunda-feira que iria participar de qualquer coligação internacional contra a Síria, mesmo sem o aval do Conselho de Segurança da ONU, segundo a agência de notícias AFP.

Em uma entrevista a um jornal russo, o presidente sírio rejeitou as alegações de que suas forças usaram armas químicas e advertiu Washington de que qualquer intervenção militar dos EUA será um fracasso.

"O fracasso espera os Estados Unidos, como em todas as guerras anteriores, começando com o Vietnã e até os dias de hoje", disse Assad ao diário "Izvestia" quando perguntado o que aconteceria se os Estados Unidos decidissem atacar ou invadir a Síria.

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