Dezenas de estudantes declararam, nesse domingo (30), uma praça a
leste de Caracas como "praça da resistência", onde leram um manifesto e
pediram à população que reproduza a iniciativa em toda a Venezuela.
Trata-se da Praça Alfredo Sadel, uma importante área de Las Mercedes, de
classe média alta.
"Hoje, batizamos essa praça como 'Praça da Resistência", para mostrar a
constância da nossa disposição inquebrantável de conquistar a
liberdade", disse um dos estudantes ao ler o manifesto. "Instamos o povo
a transformar esta praça em um centro de debate, organização, expressão
e participação de todos os que decidam lutar até vencer. Que venham
lutar junto dos que querem substituir este regime por outro de Justiça,
liberdade e progresso", explica o texto.
O manifesto, que foi distribuído aos presentes, destaca que os jovens
querem abrir caminho a uma geração que está decidida a ser livre e a
construir essa liberdade. "Vamos nos levantar ainda que outros se
rendam. Não pediremos licença para isso".
O documento informa que, nos últimos 15 anos, mais de 200 pessoas foram
assassinadas na Venezuela e que a "insegurança, a escassez causada pela
destruição da produção nacional, a entrega progressiva da riqueza e
soberania a países ou potências estrangeiras, a corrupção, a supressão e
coação progressiva da liberdade de expressão tornam inevitável a
resistência democrática do povo".
Os estudantes "exigem" a liberdade de "todos os cidadãos, políticos e
estudantes detidos injustamente" pelo Estado na sequência de
mobilizações, "a cessação da impunidade e o desarme imediato dos 'grupos
de terror' que têm atuado sob a coordenação evidente de alguns oficiais
da polícia e da Guarda Nacional Bolivariana (Polícia Militar)". Exigem
ainda que sejam investigados os 39 assassinatos ocorridos desde
fevereiro no país e as denúncias de tortura.
Por outro lado, os estudantes convocam os venezuelanos "para uma luta
firme e sem descanso" e apelam para que se organizem em assembleias
populares e "rompam uma falsa polarização" política, acrescentando que
se trata "da unidade do povo para lutar pelo que é justo para todos".
"Que sejam milhares as 'praças da resistência' em todo o país. Que esta
não seja a única e que apenas seja o começo de uma nova história de
liberdade", diz o manifesto.
Há seis semanas, são registrados diariamente protestos na Venezuela, com
situações de violência que já causaram pelo menos 39 mortos, 81
denúncias de violações de direitos humanos e danos materiais.
O governo venezuelano insiste que está em curso um "golpe de Estado
continuado" contra o presidente legitimamente eleito Nicolás Maduro. O
governo culpa a oposição pela violência e a oposição diz que a
responsabilidade é do Executivo.
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