Fazendo uma pausa em meio a uma pincelada, Vincent Cass se reclina na cadeira de rodas – com o pincel entre os dedos – e fala sobre a vida e a arte.
"Algumas pessoas são muito boas nisto", afirmou, apontando para a tela, a paleta de tinta acrílica e o resto dos equipamentos de pintura ao seu redor. "Acontece um clique, mas muitas vezes esse clique só acontece em outro momento da vida".
As cores ousadas da obra expressionista abstrata que ele está criando parecem confirmar essa afirmação. Cass é um cabelereiro aposentado – especialista em tinturas para o cabelo – que já foi dono de salões de beleza em Scarsdale, em Nova York. Porém, um AVC quando ele se preparava para se aposentar o deixou paralisado em 2012. Agora, vivendo na Casa Hebraica de Riverdale – onde aulas de belas artes são uma atividade popular entre os quase 1.000 moradores – ele descobriu, aos 77 anos de idade, um talento que desconhecia até então.
Na qualidade de um artista que começou tarde, Cass representa um número crescente de idosos que voltaram ao estúdio de pintura ou de escultura – ou que descobriram um novo local de trabalho e uma nova paixão.
A ideia de pintores e escultores que começam a trabalhar em um momento posterior da vida não é nova. "Artistas geralmente não se aposentam", afirmou Gay Hanna, diretora executiva do Centro Nacional de Envelhecimento Criativo em Washington, uma ONG afiliada à Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de Washington, que promove cursos de artes criativas para idosos. Um bom exemplo é Claude Monet, que pintou algumas de suas melhores obras com mais de 80 anos e com catarata.
Mas e as pessoas que não são famosas – ou que, como Cass, nunca haviam feito parte do mundo das artes até se tornarem idosos? A criação artística beneficia as pessoas mais velhas?
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