O corpo do menino Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, foi
enterrado ontem no Cemitério Ecumênico de Santa Maria, no Rio Grande do
Sul, mesmo local em que a mãe está sepultada. Enquanto a família e
amigos se despediam do garoto, a polícia levantava hipóteses para tentar
explicar o crime. O pai, a madrasta e uma amiga estão presos suspeitos
pela morte. Segundo o Ministério Público, ciúmes e disputa por bens
materiais estão na linha de investigação.
Ontem, o advogado
Andrigo Rebelato, primo do médico Leandro Boldrini, de 38 anos, pai de
Bernardo, divulgou a primeira versão dele para o caso, depois de
visitá-lo na prisão. "Ele disse que é inocente e quer se defender",
relatou à Rádio Gaúcha. "Também falou que se ela fez, tem de pagar",
complementou, referindo-se à madrasta, Graciele Ugolini, com quem
Leandro tem uma filha de um ano e meio.
Bernardo desapareceu de
casa, em Três Passos, no noroeste do Estado, no dia 4. O corpo foi
encontrado na segunda-feira, dentro de um saco plástico, enterrado em um
matagal em Frederico Westphalen, a 80 quilômetros de distância. Na
mesma noite, a polícia prendeu o pai do garoto, a madrasta e a
assistente social Edelvânia Wirganovicz, de 40 anos, amiga de Graciele,
sustentando que os três têm envolvimento com o crime, com participações
individuais a serem esclarecidas.
A polícia confirma que dois
fatores foram decisivos para a localização do garoto. Um foi a multa
aplicada pela polícia rodoviária à madrasta, por excesso de velocidade,
que mostrou que houve uma viagem de Três Passos a Frederico Westphalen
em 4 de abril. O segundo foi a análise de imagens colhidas no mesmo dia
por uma câmera de vigilância da rua, próxima da casa da assistente
social, expondo imagens das duas saindo com o garoto e voltando sem ele.
A perícia deve indicar se Bernardo foi morto por uma injeção letal
aplicada por uma das mulheres.
A polícia tem recebido informações
de vizinhos e pessoas que conviveram com o casal. Há relatos de brigas,
de ciúme que a madrasta sentia do garoto e de falta de atenção do pai,
que levou dois dias para comunicar o desaparecimento à polícia.
Revolta.
A avó Jussara Uglione demonstra revolta com o desfecho do caso e expõe
uma dúvida que atormenta a família materna desde que a mãe de Bernardo,
Odilaine Uglione Bordini, morreu dentro da clínica de Leandro, em 2010,
aos 32 anos, quando estavam tratando do divórcio. A investigação
policial concluiu que ela se suicidou.
O advogado de Jussara,
Marlon Taborda, diz que poderá pedir a reabertura do inquérito. Taborda
afirma que Odilaine teria fechado um acordo de divisão de bens com
Leandro poucos dias antes de morrer e que Bernardo seria beneficiário da
venda de um imóvel que foi do médico e da mãe dele.
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