sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Em nota, produtora da Bienal explica cobrança de ingressos e afirma que Andelivros queria 50%

Impedida judicialmente de cobrar ingressos na VIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco a produtora Cia de Eventos, responsável pela produção e gestão do evento, emitiu nota oficial à imprensa, nesta quinta-feira (29), comentando sobre a cobrança dos ingressos e afirmando que a Associação dos Distribuidores e Editores do Nordeste (Adene – atual Andelivros), responsável pela ação judicial cuja argumentação era a não democratização do evento devido ao preço cobrado pelo ingresso, queria 50% da arrecadação da bilheteria.
Segue a nota, na íntegra:
“A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, realizada há cinco edições e quase dez anos pela Cia de Eventos, é uma iniciativa privada que tem como objetivos a divulgação, disseminação e estímulo da leitura e da literatura, em sintonia com as políticas públicas vigentes em âmbito nacional e o interesse maior do povo pernambucano, que se encanta e se envolve mais com o universo do livro a cada edição.
Ao longo desta década, após a determinação, o trabalho e a dedicação de muitos, a Bienal se consolidou no calendário cultural do Nordeste e do Brasil, e hoje é considerada a terceira maior do País, atrás somente de suas congêneres em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Vale a pena recordar esta história, que alça Pernambuco a uma posição de destaque no cenário internacional de eventos literários.
Em 1997, a I Feira Internacional do Livro de Pernambuco foi idealizada por Evaldo Costa, então presidente da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), e atual secretário de imprensa do governo estadual, depois de conversa com o editor José Cortez, cuja biografia é finalista deste ano do Prêmio Jabuti.
A I Feira se deu no Sport Clube do Recife, em uma área de cerca de 2 mil metros quadrados, que reuniu público reduzido, de 15 mil pessoas. Dois anos mais tarde, a Feira foi realizada pela Secretaria estadual de Cultura, comandada então pelo jornalista Carlos Garcia. A II Feira já foi no Centro de Convenções, em uma área de 3 mil metros quadrados, tendo público de aproximadamente 60 mil pessoas. A viabilização do evento se deu graças ao Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), com recursos da ordem de R$ 200 mil para a realização e divulgação. Com pouca estrutura, a Feira não agradou aos expositores, nem ao público.
Em março de 2001, a Cia de Eventos foi convidada para assumir a Feira. Para este fim, a Cia de Eventos, naquele momento com mais de quinze anos de experiência em eventos de porte, entendeu que era necessária a articulação com as políticas estaduais e municipais de difusão da cultura literária. O caminho seria a formação de aliança entre o setor público e a iniciativa privada.
Se foram muitos esforços compartilhados, a desconfiança e a má vontade ali também despontavam, da mesma fonte. O presidente da Associação dos Distribuidores e Editores do Nordeste (Adene – atual Andelivros), Maurício Pareja, dizia que o empreendimento não viria a existir, e se houvesse, seria um vexame. A feira não somente foi feita, como foi um verdadeiro sucesso, com patrocínio da Chesf e da Eletrobras, com expositores de todo o Brasil e do exterior. Foi o marco inicial do êxito que se pode observar hoje.
Em 2003, o evento se expandiu, e se transformou em Bienal do Livro, tendo início a política de distribuição de bônus pelo governo estadual aos professores da rede pública de ensino, graças à articulação da Cia de Eventos. Em 2005, em franco crescimento, a Bienal contou com as críticas da Adene, que nunca deixou de participar e lucrar com o evento, apesar de criticá-lo. Em 2007, a entrada de diversas prefeituras deu novo fôlego à Bienal, que atingiu 550 mil visitantes, enquanto a Adene reformulava-se e se tornava Andelivros, inspirada sob o mesmo espírito desagregador que sempre, infelizmente, a caracterizou.
Em 2009, a Bienal do Livro de Pernambuco obtinha, em sua sétima edição, números que impressionaram o País: foram 600 mil pessoas em onze dias de evento, com a movimentação de mais de R$ 30 milhões e uma rica programação de debates, com escritores, livreiros e editores de vários cantos do mundo.
Em 2011, ao testemunhar o enorme sucesso da Bienal, consensualmente um case de produção cultural em Pernambuco, a Andelivros tem utilizado de todas as formas para embotar e desprestigiar o evento que conquistou os pernambucanos, e se reveste de cada vez maior importância para o Estado. Com a avidez e a insensibilidade que a caracterizam, a entidade que se diz representante e não possui currículo de atuação alguma, chegou ao cúmulo de propor uma repartição de 50% com a Cia de Eventos, sem ter contribuído em nada com a sua concepção e produção, das articulações e parcerias com as instituições apoiadoras à formação da maior e melhor grade de programação de palestras, seminários e debates no Brasil.
Pelo exposto, queremos externar a nossa indignação com a postura desta entidade, cuja disposição travestida de democratização do acesso, na polêmica da cobrança de ingressos – prática usual em grandes eventos em outros estados e em Pernambuco – em nada colabora para o esforço conjunto que resultou no carinho crescente demonstrado pelo público. Vale lembrar que os valores de R$ 4 e de R$ 2, instituídos este ano para proporcionar as melhorias que o público merece, não estão sendo cobrados aos professores e alunos da rede pública, turmas de escolas privadas agendadas, idosos com mais de 65 anos, e imprensa credenciada.
Reiteramos o compromisso da Cia de Eventos com a real democratização de acesso ao conhecimento promovida pela Bienal do Livro, ao tempo em que informamos que iremos recorrer até a última instância pelo restabelecimento do direito justo e da verdade dos fatos.
Rogério Robalinho
Diretor-sócio da Cia de Eventos ”


Da Folha de Pernambuco Digital

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