quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ex-presidente da Libéria é condenado por crimes de guerra

O ex-presidente da Libéria, Charles McArthur Ghankay Taylor, foi condenado por um tribunal internacional nesta quinta-feira (26) por crimes de guerra cometidos em Serra Leoa durante uma guerra civil na década de 1990. De acordo com uma reportagem do jornal The New York Times, Taylor é o primeiro chefe de Estado condenado por um tribunal internacional desde os julgamentos de Nuremberg, realizados após a Segunda Guerra Mundial.
A decisão, anunciada pelo juiz Richard Lussick, da Samoa, diz que Taylor é culpado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, estupro, escravidão e recrutamento de crianças para servir como soldados. A corte não conseguiu provar que Taylor teve envolvimento direto nas atrocidades.
A sentença será anunciada nas próximas semanas. Não há pena de morte em julgamentos internacionais e Taylor deve cumprir sua pena em uma prisão na Inglaterra.
Charles Taylor ajudou Foday Sankoh, um ex-comandante do exército da Serra Leoa, país vizinho à Libéria, a criar a Frente Unida Revolucionária, conhecida pela sigla RUF. O exército de Sankoh ficou conhecido pelas atrocidades cometidas, como uso de crianças sob efeito de drogas em seus exércitos e mutilação calculada de civis. No vocabulário do RUF, aplicar um “sorriso” significava cortar os lábios da vítima, enquanto “mangas curtas” ou “mangas longas” eram termos usados para a mutilação dos braços na altura das mãos ou do cotovelo.
Durante o julgamento, testemunhas afirmaram ter visto Taylor receber diamantes brutos como pagamento por carregamentos de armas e munições enviados a rebeldes. Durante sua defesa, Taylor disse que nunca carregou ou usou diamantes como moeda de troca, mas em 2010 a modelo Naomi Campbell testemunhou no julgamento, afirmando que recebeu diamantes de Taylor em 1997, depois de um jantar beneficente que contou com a presença de Nelson Mandela.
Ibrahim Tommy, líder do Centro de Prestação de Contas e Estado de Direito, um grupo sediado em Freetown, capital da Serra Leoa, disse que o julgamento traz uma sensação de alívio.

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