O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, afirmou nesta terça-feira que espera assinar “muito em breve” um acordo com o Irã sobre a cooperação do país nas investigações sobre seu programa atômico. De volta à Viena, na Áustria, após um dia de negociações em Teerã, Amano disse que as diferenças que persistem quanto a “alguns detalhes” não impedirão um acordo.
“Uma decisão foi tomada para concluirmos (as negociações) e assinarmos um acordo. Posso dizer que será assinado muito em breve”, disse Amano, que se reuniu em Teerã com o negociador Saeed Jalili. “Entendemos a posição um do outro, apesar de algumas diferenças quanto a alguns detalhes”. Ele não especificou quais.
Amano descreveu o resultado da reunião como “um progresso importante”. Ele busca um acordo que dê a seus inspetores acesso livre para investigar as suspeitas ocidentais de que o Irã busca construir um arsenal nuclear, o que Teerã nega.
O chefe da AIEA disse ter mencionado a necessidade de acesso à instalação militar de Parchin - uma prioridade da agência - e que isso seria parte de um eventual acordo.
Na quarta-feira, Jalili vai se reunir em Bagdá, no Iraque, com autoridades das seis potências mundiais envolvidas nos esforços para tentar resolver a disputa nuclear com o Irã – EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.
Diplomatas ocidentais, porém, estão céticos quanto à disposição do Irã em colaborar com as investigações. Pouco depois das declarações de Amano, o representante americano na AIEA, Robert A. Wood, disse que os EUA apreciam os esforços da agência mas continuam “preocupados com a obrigação urgente do Irã de tomar passos concretos”.
“Fazemos um apelo para que o Irã aproveite a oportunidade para resolver todas as questões sobre a natureza de seu programa nuclear”, disse Wood, em comunicado. “Uma cooperação transparente e total com a AIEA é o primeiro passo.”
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, também pediu que o Irã coloque as boas intenções em prática. “Uma cooperação consistente e substancial com a AIEA para esclarecer as dúvidas sobre o programa nuclear seria um passo importante e tardio na direção certa”, agirfou, em comunicado.
Antes das declarações de Amano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um apelo para que o Ocidente não se deixe enganar pelo Irã durante as negociações.
"O Irã ameaça Israel, a paz e o mundo inteiro. Contra essa intenção maliciosa, as principais potências do mundo têm de mostrar determinação, não fraqueza", assinalou o premiê na noite de segunda-feira, em um encontro com a Comissão do Serviço Civil.
Para Netanyahu, as seis potências que negociam com Teerã a suspensão de seu programa nuclear "não devem fazer concessões: é preciso lançar reivindicações claras e unívocas, e só então será possível garantir que o Irã não terá uma bomba nuclear".
Netanyahu reiterou as exigências que, em sua opinião, devem ser impostas a Teerã na próxima reunião: o fim de todo o enriquecimento de material nuclear, a retirada de seu território de todo o material nuclear enriquecido até agora e o desmantelamento da instalação nuclear de Qom.
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