A chefa do governo alemão, Angela Merkel, e o novo presidente francês, François Hollande, discutem nesta terça-feira em Berlim as propostas das duas maiores potências da Eurozona para reativar a economia e responder ao caos político que ameaça a permanência da Grécia no bloco.
O socialista Hollande, que quer renegociar o pacto fiscal europeu para incluir políticas de crescimento, voltou a afirmar sua vontade de "abrir uma nova via na Europa".
"Temos que pesar os problemas que devemos enfrentar: uma dívida massiva, um crescimento débil, um desemprego elevado, uma competitividade fragilizada e uma Europa que sofre para sair da crise", disse Hollande, que levará essas questões no final da tarde à Merkel, grande impulsionadora dos programas de ajuste.
Segundo analistas, os dois dirigentes deverão buscar um compromisso e o contexto exige entendimentos, uma vez que os ajustes não têm provocado as melhoras esperadas.
A própria Merkel, cujo partido CDU sofreu no domingo uma dura derrota nas eleições regionais, admitiu ser a favor do crescimento, com a condição de evitar novas espirais de endividamento.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, deu "as boas vindas a este novo debate (sobre o crescimento) na Europa".
Segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira, na Eurozona, formada por 17 dos 27 países da União Europeia (UE), teve no primeiro trimestre de 2012 um crescimento nulo e evitou a recessão principalmente graças à resistência da economia alemã, que cresceu 0,5% com relação ao trimestre anterior e 1,7% em comparação com o mesmo período de 2011.
O PIB da Espanha teve uma queda trimestral de 0,3% e a França registrou um crescimento nulo.
No fundo da lista está a Grécia, em recessão há cinco anos, que teve uma queda de 6,2% de seu PIB interanual e está imersa em uma grave crise após as eleições legislativas de 6 de maio, que deixaram em minoria os partidos tradicionais, partidários dos ajustes impostos pela UE e pelo FMI em troca dos planos de resgate.
As últimas discussões para formar um governo de tecnocratas fracassaram e o país se encaminha para novas eleições, provavelmente em meados de junho.
"Desgraçadamente, vamos de novo para as eleições e sob condições muito ruins", disse o líder do socialista Pasok, Evangelos Venizelos, ao término de uma reunião dos principais responsáveis políticos com o presidente da Grécia, Carolos Papulias.
O euro baixava com força após o anúncio do fracasso das negociações gregas, recuando para baixo dos 1,28 dólar pela primeira vez em quatro meses.
As bolsas europeias, que abriram em alta, passaram a recuar pela tarde.
A Grécia conseguiu, apesar de tudo, captar nesta terça-feira 1,3 bilhão de euros em emissões de bônus a três meses, apesar de ter que pagar juros em alta, que chegaram a 4,34%, frente a 4,20% na última emissão similar de 17 de abril.
A Eurozona também tem sofrido com a fragilidade de seu setor bancário. Na segunda-feira, a agência classificadora Moody''s cortou a nota de 26 bancos italianos e dos quatro principais bancos espanhóis (Santander, BBVA, CaixaBank e Bankia, que se dirige para uma nacionalização parcial), anunciaram provisões extraordinárias por um total de 11,3 bilhões de euros.
O governo espanhol se comprometeu a acelerar uma avaliação independente do banco em menos de dois meses, para o que pediu a colaboração do Banco Central Europeu (BCE).
Merkel e Hollande também terão que acertar sua diferenças quanto ao papel do Banco Central Europeu (BCE) nas políticas de estímulo e sobre os prazos de retiro das tropas da Otan do Afeganistão.
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