domingo, 26 de agosto de 2012

Adversários que se conhecem bem

A bola ainda não começou a rolar, e, antes mesmo do apito inicial, já há um personagem bem badalado no Náutico x Sport desta noite. E, desta vez, não se trata dos artilheiros alvirrubros Kieza e Araújo. Tampouco do goleiro leonino Magrão. Na verdade, a grande atração deste Clássico dos Clássicos deve passar o duelo todo fora das quatro linhas. Pior, dificilmente ele dará um toque sequer na bola. Muito menos vai marcar um golaço ou arrancar aplausos da torcida com uma jogada memorável. O negócio dele é comandar um time. E, depois do sucesso no Timbu, em 2011, o treinador Waldemar Lemos começará a escrever a sua história no Leão não como um rubro-negro comum. Com profundo conhecimento do clube de Rosa e Silva, o técnico já pode ser considerado um verdadeiro “inimigo” íntimo do Alvirrubro. 

Não era para menos. Afinal, pode-se dizer que Waldemar deu uma chacoalhada nos Aflitos. Quando foi repatriado pelo clube no ano passado (já havia treinado o time em 2009), vinha em baixa na carreira. Para piorar, o ambiente na “nova velha casa” não estava dos melhores. O Náutico havia sido eliminado pelo próprio Sport, no Campeonato Pernambucano, e começaria uma Série B desacreditado, credenciado a lutar contra o rebaixamento. Até que o técnico colocou as mangas de fora. Assumiu os problemas da agremiação. E iniciou um trabalho para extinguir, ou, ao menos, amenizar os problemas em Rosa e Silva. Deu o sinal verde para uma “vassourada” que mandou embora atletas outrora badalados, como os atacantes Bruno Meneghel e Ricardo Xavier e os meias Willian e Deyvid Sacconi.

Era o início do processo que culminaria não só na ressurreição alvirrubra, como no reerguimento da carreira do técnico. Protestou contra as más condições dos alojamentos que recebiam os garotos da base. Com pouco dinheiro em caixa no profissional, Waldemar Lemos vetou a contratação de jogadores renomados. Ainda que tivesse em mãos um elenco limitado e restrito (que, vez por outra, tinha os salários atrasados), o treinador preferiu blindar o grupo. Valorizou o material que tinha em mãos. Apostou no desconhecido e tímido Gideão, que acabou virando o paredão alvirrubro. Deu moral ao criticado Eduardo Ramos, que passou a correr pelo time como poucas vezes na carreira. E recuperou a auto-estima de Kieza, que andava em baixa e acabou se tornando artilheiro da Série B 2011, com 21 gols. A cereja do bolo foi o acesso à Série A, com o vice-campeonato da Segundona. 

Waldemar Lemos viveu o céu nos Aflitos. Até maio deste ano. Com mais um elenco fraco em mãos, o técnico atravessou o inferno do descrédito. Acabou demitido. Ficou desempregado até há poucos dias, quando foi contratado pelo Sport. Por ironia do destino, fará a sua estreia contra o Timbu, time que conhece como poucos, pois sabe como jogam peças importantes do Alvirrubro, como Kieza, Ronaldo Alves, Gideão, Elicarlos e Souza. “Conheço algumas coisas que foram implantadas e ainda existem lá. Não deixei de falar desde o primeiro dia”, resumiu Waldemar, hoje treinador do Leão e, também, “inimigo” íntimo do Náutico.
Fonte: Fernando Barros Do Blog de Primeira

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