domingo, 26 de agosto de 2012

Monitoramento de ataques de tubarões sob novo comando no Estado

Já se passaram mais de 20 anos desde o primeiro ataque de tubarão registrado em Pernambuco. Durante esse período não foram poucas as famílias que choraram a perda de um ente ou as sequelas que os ataques deixaram em muitas vítimas. De 1992, cerca de 50 banhistas foram atacados no Litoral do Estado, 20 deles morreram. Para trabalhar opções de combate aos ataques, o Governo Estadual, por meio da Secretaria de Defesa Social (SDS), criou em 2004 o Comitê Estadual de Mo­nitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). 

Na última terça-feira, após oito anos presidido pelo professor Fábio Hazin, o Cemit recebeu um novo oxigênio. Agora, a coordenação da entidade está sob a responsabilidade da oceanóloga e doutora em Biologia Pesqueira Rosângela Lessa, que, em entrevista à Folha de Pernambuco, contou quais os planejamentos do órgão para potencializar o combate aos ataques de tubarão na orla. “As telas de proteção que estão em fase de testes são um assunto recorrente. E em outubro ou novembro elas se­rão novamente testadas”, revela.

Os equipamento constitui um mecanismo já utilizado em Hong Kong, mas têm que ser adaptadas à nossa realidade, uma vez que a localidade asiática é uma baía. “Nossa praia é aberta e isso deve ser levado em consideração na adaptação do equipamento”, considera Rosângela. Ela conta que a primeira experiência no Recife não obteve o sucesso esperado. “No primeiro teste, a malha não foi satisfatória porque aprisionou peixes, e, ambientalmente falando, elas não podem capturar, apenas afastar os tubarões”, destaca.

Para a oceanóloga, o esforço do Governo do Estado e o trabalho das entidades estudiosas do assunto possibilitará o avanço no combate. “Existe um convênio que foi firmado com o Governo do Estado e com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) para apoio técnico. Após os estudos e considerações técnicas as malhas serão produzidas em aldeias de pescadores, aproveitando a imensa experiência de­les”, pontua Ro­sângela Lessa. 

O trabalho do Cemit conta com o apoio do Corpo de Bombeiros, que age constantemente nas praias pernambucanas. Segundo o diretor-geral de Operações da Corporação, o coronel Daniel Ferreira, o trabalho dos Bombeiros sofreu evoluções. “A corporação vem amadurecendo bastante na sua forma de atuação. Desde a capacitação dos nossos guarda-vidas até o trabalho de educação junto à sociedade, dando informações aos banhistas e tentando esclarecer cada vez quanto à questão dos tubarões”, explica.

Para o oficial, a orla está den­tro das especificações de segurança internacionalmente estabelecidas. “Houve um investimento significativo em sinalização, onde confeccionamos novas placas e realizamos a manutenção das já utilizadas ao longo da orla. Nossas praias continuam bem sinalizadas nas áreas de risco”, acredita coronel Daniel Ferreira. O diretor-geral de Operações dos Bombeiros revela que o maior índice de acidente nas águas não é relacionado à ação dos tubarões. “Estatisticamente, isso é bem transparente. Durante o ano, observamos mais casos de iminência de afogamentos do que incidentes com tubarões”, finalizou o oficial.

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