quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ciclo de debates discute mobilidade e sustentabilidade no Recife

De acordo com os dados do Censo 2010, 30% dos deslocamentos feitos no Brasil são realizados a pé. Sabendo disso, as questões de mobilidade, acessibilidade e inclusão das calçadas do Recife foram os assuntos que abriram, nesta quinta-feira (23), o ciclo de debates “Desafios para a mobilidade no Recife: contribuições para uma cidade mais sustentável”. O tema “Calçada: o primeiro degrau da cidadania urbana” ficou sob a responsabilidade do arquiteto e consultor da TGI, Francisco Cunha. Entre os debatedores, a editora Executiva de Comunicação Digital da Folha de Pernambuco, Lorena Ferrário, trouxe dados sobre a situação atual das calçadas do Recife.
Durante o encontro, voltado para profissionais da área e interessados em acessibilidade e mobilidade urbana, Francisco Cunha mostrou os principais problemas encontrados nas calçadas do Recife. Buracos, árvores, postes, lixeiras, anúncios e vários outros obstáculos instalados nas calçadas dificultam a passagem das pessoas. “As calçadas precisam funcionar para o pedestre. Se uma cidade não respeita esse espaço, não pode respeitar mais nada”, afirmou Cunha.
Outro ponto abordado pelo arquiteto foi o estacionamento de veículos nas calçadas. Apesar de ser proibido estacionar no passeio, de acordo com inciso VIII do artigo 181, do Código de Trânsito Brasileiro, a cena se repete em vários bairros do Recife. “As calçadas são parte integrante do sistema de transporte de uma cidade. Precisam da atenção de todos”.
Sobre o tema, Lorena Ferrário apontou a baixa quantidade de multas aplicadas no Recife. De acordo com dados de Detran-PE, o número gira em torno de 1 mil a 1,5 mil por mês, em 2012, para motoristas que estacionam o carro em cima das calçadas. “Mas já houve um aumento expressivo quando comparado à quantidade de multa aplicada no ano anterior”. Atualmente, o Recife possui apenas cerca de 4% das calçadas acessíveis.
Apesar das legislações municipais no Brasil afirmarem que a manutenção das calçadas é de responsabilidade dos proprietários dos imóveis (com exceção das grandes vias e locais com grande fluxo de pedestres), o palestrante e os debatedores enfatizaram a necessidade do poder público participar dessa gestão. “A lei já existe e deve ser aplicada. O poder público tem o papel de fiscalizador, mas também deve orientar”, comenta Cunha.
O evento contou ainda com a presença da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) do Recife, Paulo Monteiro, e do engenheiro civil e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Leonardo Meira. O ciclo de debates continua no dia 30 de agosto com o tema “Transporte individual x coletivo: desafios para a mobilidade no Recife”. O palestrante será o consultor Germano Travassos.
Já no dia 13 de setembro, o tema será “Por um Recife mais acessível”, que será abordado pelo coordenador do Comitê de Inclusão e acessibilidade da Chesf, Manoel Aguiar. O último debate está marcado para acontecer no dia 20 de setembro e abordará “O papel das bicicletas e das motocicletas para a mobilidade urbana e a inclusão social”. A palestra será ministrada pelo coordenador geral do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, da Prefeitura do Recife, Milton Botler.
No fim do ciclo de debates, um relatório com o que foi apresentado e discutido pelos palestrantes, debatedores e participantes será entregue a todos os candidatos a prefeito do Recife. As palestras começam sempre às 9h, na sede da JBR Engenharia, na rua Gonçalves Dias, 123, Campo Grande.

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