De todo o material contendo pornografia infantojuvenil apreendido
pelas autoridades na internet, apenas 0,65% das crianças vítimas desse
tipo de crime é identificado. Os dados foram apresentados na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes, nesta quarta-feira (28), pelo presidente da SaferNet
Brasil, instituição voltada para o monitoramento e combate à pornografia
infantil na rede mundial de computadores, Thiago Tavares Nunes de
Oliveira.
Para a presidenta da CPI, deputada Érika Kokay (PT-DF), “o dado
preocupa, pois isto significa que mais de 99% das crianças e
adolescentes acabam ficando fora dos serviços de atendimento para esse
tipo de violência, e muitas delas continuam sendo vítimas da
exploração”.
Oliveira também apresentou dados relativos ao acompanhamento de
denúncias de sites com material pornográfico infantil e de redes
voltadas para o aliciamento de meninos e meninas pela internet.
Os números mostram que, entre 2005 e 2012, a SaferNet recebeu mais de 3
milhões de denúncias anônimas sobre a divulgação e o comércio de
material pornográfico com crianças e adolescentes. São mais de 450 mil
páginas, hospedadas em 88 países. As denúncias foram registradas nos
sites brasileiros que integram a Central Nacional de Denúncias de Crimes
Cibernéticos.
Com a criação da Lei 1.829, em 2008, o país tornou mais rigorosa a
punição para quem comete esse tipo de crime. A pena é de três a seis
anos de prisão, além de multa. Se for comprovado que a criança exposta
nas imagens tenha sido abusada sexualmente, o autor responde pelo crime
de estupro de vulnerável.
Em função da intensificação das investigações contra a exploração
sexual de crianças e adolescentes na internet, segundo Oliveira, os
grupos criminosos têm inventado outras formas de compartilhar e vender
esse tipo de conteúdo. Ele ressaltou, ainda, a dificuldade das
autoridades em lidar com a situação. “Não só pela questão técnica, mas
também porque a maioria destas páginas se encontra hospedada em sites no
exterior, onde nossa legislação não vale”. Como exemplo, citou países
como a Rússia, o Camboja, Vietnã e a Bulgária, onde estão hospedadas
mais de 450 páginas em português que comercializam ponografia infantil.
Nesses casos, é preciso um acordo de cooperação entre o Brasil e o
país onde o site está hospedado para que a página seja retirada do ar e
os responsáveis sejam identificados.
Para a deputada Erika Kokay, existe uma mudança no modo como as redes
funcionam. “Agora as crianças e adolescentes não ficam mais tão
expostas nas ruas. Elas são disponibilizadas virtualmente. É preciso que
as autoridades atentem para a questão”, alertou
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