terça-feira, 27 de novembro de 2012

Emoção quadro a quadro no Festival Stop Motion



Recife é a única cidade brasileira que não conta apenas com um festival internacional de animação (o Animage, cuja agenda ocupa o mês de setembro). Conta também com um evento mais específico dentro da cinematografia de animação. É o Festival Internacional Brasil Stop Motion, que dá início a sua 2ª edição hoje e segue até sábado, com sessões no Cinema São Luiz e debate na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Para quem não relaciona a técnica stop-motion com o resultado, basta lembrar que o efeito dessa técnica é alcançado ao dar a ideia de movimento a objetos tridimensionais, ou figuras vivas, quando captados quadro a quadro. 

Na verdade, a produção do festival lembra que o evento recifense é um dos quatro existentes no mundo dedicado ao específico tema. E o recifense só perde em importância para os do Canadá e da Polônia. A propósito, o festival local nesta edição dedica parte de sua atenção ao cinema de animação polonesa, que completa 65 anos de história em 2012. A abertura, às 9h30 no Auditório G1 (bloco G) da Unicap, conta com a presença de luxo de Piotr Kardas e Monika Kuczniecka, além dos espanhóis Marcos López López e Borja Guerrero, e do brasileiro Quiá Rodrigues. Kardas é o fundador da Animatin Across Borders, produtora que distribui e promove filmes do gênero feitos na Polônia. “A produtora nasceu por amor e respeito ao cinema de animação. Acreditamos que, graças a ações consistentes, os filmes poloneses terão vida longa em várias partes do mundo”, comentou o produtor cultural. 

À noite, às 19h30 no São Luiz, quatro blocos de filmes dão conta da riqueza da produção polonesa. O primeiro apresenta três títulos realizados pela diretora convidada, Kuczniecka; o segundo mostra três clássicos infantis; no terceiro são três clássicos adultos; e o quarto traz três clássicos contemporâneos daquele país. Amanhã, no mesmo local, tem início a mostra competitiva. Foram mais de 150 filmes de 30 países, dos quais ficaram 42 selecionados de 22 países. O Brasil Stop Motion investe ainda em oficinas e conversas com profissionais nacionais e internacionais (com vagas já preenchidas). 

Apesar de contar com um total de 58 filmes nesta edição contra os 69 da edição passado, o evento chega agora mais consistente em seu conceito, e na intenção de por foco na discussão do tema. Para Paulo Cunha, da Farache Comunicação, responsável pela produção do evento com patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), uma diferença importante da edição 1 para a 2 é que agora a mostra conta com um número mais representativo de títulos vindo da Europa, enquanto em 2011 predominavam os filmes latino-americanos. 

“Fizemos este esforço para, digamos, europeizar mais o festival e o resultado é que temos clássicos realmente belíssimos vindos da Polônia, além da China e Eslováquia entre outros países, somando mais de 20 nacionalidades”, explica. Entre outros benefícios, além de ter um festival como este acontecendo no Recife, Paulo Cunha destaca a presença dos convidados interagindo com a comunidade local. “Pelas oficinas, e não só por elas, esse intercâmbio cultural só faz crescer nosso conhecimento sobre essa técnica. Kuczniecka, nossa convidada da Polônia, por exemplo, vai mostrar como trabalha com novos materiais para a con­fecção de bonecos e cenários, e também teremos uma oficina de adaptação de literatura infantil para filmes em stop motion”, adianta Cunha.

O curador ainda faz um alerta, mais urgente, sobre o assunto. “Com a tecnologia digital, o stop motion soa hoje quase como a linguagem de uma tribo indígena em risco de desaparecer. Como é uma técnica que necessita de muito trabalho manual, vem perdendo adeptos. A questão séria é que o stop motion tem uma linguagem muito própria e perder essa linguagem é perder toda uma gama especifica de possibilidades linguísticas do cinema. É, portanto, crucial mantermos o foco sobre esse pontecial que não pode morrer”, encerrou. Veja programação no site www.brasilstopmotion.com.br

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