Dois aplicativos polêmicos têm sido tema recorrente em notícias e discussões nas timelines das redes sociais e sites de tecnologia no últimos dias. Há cerca de duas semanas, foi disponibilizado para o Brasil o aplicativo Lulu, criado pela jamaicana Alexandra Chong, e que desbancou em número de downloads apps como Facebook e Whatsapp, tanto no Android como no iOS, em apenas uma semana. Do outro lado, vem o Tubby, que tem causado alvoroço antes mesmo de seu lançamento, previsto para esta quarta-feira (4).
Os dois possuem uma proposta na qual mulheres (no caso do Lulu) e homens (Tubby), de forma anônima, atribuem hashtags que resultam em notas a contatos no Facebook do sexo oposto. No Lulu é possível associar pontos positivos e negativos sobre a aparência, comportamento e ‘atributos sexuais’ como #tripé ou #nãofaznemcócegas. No Tubby, por sua vez, a “brincadeira” propõe aos homens avaliar ou ver as avaliações das mulheres com as quais mantêm vínculo na rede social, mas com um conteúdo sexualmente explícito, sob o slogan ‘É hora de você descobrir se ela é boa de cama ou não’.
Se a agitação até o lançamento do Tubby era por conta de discussões sobre os limites de privacidade e anonimato proporcionado pelo Lulu, há poucos dias, o estardalhaço da semana foi causado por conta do conteúdo divulgado pelo Tubby e, consequentemente, a chuva de compartilhamentos de procedimentos para o descadastro. Para o professor do Mestrado Profissional da FBV/DeVry, Rafael Lucian, a participação passiva sem o consentimento do usuário pode ser considerada oportunista. “Me parece muito claro que se houvesse a necessidade de se cadastrar para ser avaliado, o sucesso teria sido muito menor. Sabendo disso, o app tomou o caminho inverso, permitindo o descadastro, mas até lá, todos estão cadastrados. Acho que, no mínimo, a opção do descadastro deveria ser mais divulgada pelo app”, afirma.
Já Gabriel Rossi, especialista em Marketing e diretor de uma empresa de consultoria paulista, vê a participação involuntária como antiética e aberta à práticas como o cyberbullying. “Qual o direito de alguém lhe colocar em uma vitrine sem prévia autorização? Isso acarreta em situações nas quais colegas de trabalho, amigos, funcionários e familiares ficam sabendo questões íntimas da uma pessoa, coisas que não dizem respeito a ninguém”, frisou. “Isso é caótico no ponto de vista da defesa da privacidade e reputação. O que começou como brincadeira se tornou uma ferramenta de quebra de privacidade e de mau gosto”, pontuou Rossi. A estudante de Direito Débora Andrade conta a sua impressão com a disseminação dos serviços: “Me sinto ainda mais exposta. Não bastassem as rodas de amigos, o boca a boca, o ao vivo, agora uma vitrine virtual. E com o anonimato ficamos ainda mais vulneráveis, porque ali colocamo que querem”, declarou.
O analista de Segurança da Informação Bruno Lucena visualizou o Lulu algumas vezes e achou, além de desinteressante, invasivo. “Há uma exposição da intimidade, não acho que oferença nenhuma vantagem. Outro contra do Lulu é que ele força você a se cadastrar. Eu vejo esse tipo de aplicativo como uma forma de forçar as pessoas a cederem suas informações ao serem obrigadas a registrar-se para poderem se descadastrar”.
Saiba mais
Tubby - Existem dúvidas sobre a veracidade do Tubby. Desenvolvedores argumentaram que tempo para o projeto, divulgado após o sucesso do Lulu, foi muito curto para que o aplicativo tomasse forma. O Tubby oferece a opção de descadastro para as mulheres através de um link no site oficial (tubbyapp.com). Este leva ao Facebook, o que desperta a desconfiança de que o site, na verdade, seria uma forma de capturar informações das usuárias na rede social.
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