segunda-feira, 30 de abril de 2012

África Ocidental pode usar força contra Bissau

A Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) decidiu impor sanções contra a junta militar no poder em Bissau, após o fracasso das negociações sobre a transição, que decorriam na capital da Gâmbia, Banjul. No comunicado oficial, o grupo de contato da organização regional culpa o chefe militar guineense, António Indjai, por "não querer negociar" e "preferir claramente afrontar as consequências das sanções".
A rutura deverá impossibilitar o envio de uma força militar da CEDEAO para a Guiné e aliás já foi anunciado o "adiamento" da chegada destas tropas, que estava previsto para ontem. O grupo de contato de sete países tinha nível ministerial e deverá agora enviar um relatório ao líder do grupo, o presidente da Nigéria Goodluck Jonathan. Na quinta-feira reune, também em Banjul, a cimeira de chefes de Estado do grupo de contato e aí podem ser decididas novas sanções, "incluindo o uso da força para aplicar as decisões da cimeira", segundo se pode ler no comunicado.
As negociações de Banjul visavam criar uma solução política para o golpe militar de dia 12 de abril, que resultou na deposição do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, detido com o presidente interino Raimundo Pereira. O golpe não foi sangrento, mas impossibilitou a conclusão do processo eleitoral das presidenciais, onde na primeira volta Carlos Gomes Júnior conseguira 49% dos votos. Os dois detidos foram entretanto libertados e levados para Abidjan sob a proteção da CEDEAO.
No início do encontro de Banjul, no domingo, já era evidente que as negociações seriam difíceis. Os golpistas disseram aceitar o princípio de 12 meses de transição (em vez dos dois anos que tinham proposto) e a presença na Guiné-Bissau de uma força de estabilização da CEDEAO, com 600 homens, a qual deveria substituir a missão angolana (MISSANG) cuja presença foi invocada como motivo do golpe. No entanto, no dia 26 surgiu um ultimato de 72 horas para o regresso à ordem constitucional, prazo que os autores do golpe não podiam satisfazer sem aceitar o regresso de Carlos Gomes Júnior ao país.
Na sessão da abertura do encontro, o presidente gambiano, Yahya Jammeh, disse que a paciência da organização se estava a esgotar e falou em termos muito duros aos representantes guinnenses, que incluíam membros do comando militar, mas também dos partidos políticos e da igreja: "Estamos aqui para dizer-vos que ou escolhem uma solução pacífica com a CEDEAO ou esta tomará medidas para pôr fim ao que se passa em Bissau", disse o responsável da Gâmbia.

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