sexta-feira, 18 de maio de 2012

Seca arrasa plantações no sertão nordestino e faz preço de milho e feijão dispara


As duas principais culturas produtivas do semiárido nordestino, a de milho e a de feijão, foram extirpadas pela seca deste ano –que já é considerada a mais rigorosa em décadas. A colheita de milho seria feita em maio, mas nem chegou a ser plantada, assim como o feijão.
Os pequenos produtores amargam prejuízos e veem as sementes permanecerem estocadas, sem condições de plantio. Nas cidades, a consequência da crise no campo é a alta dos preços, com alimentos custando mais que o dobro em relação ao ano passado.
Um exemplo está no feijão carioca, item essencial da cesta básica. O quilo do alimento, que até o final do ano passado custava, em média, R$ 2,50 nos mercados, hoje está entre R$ 5,50 e R$ 6. O preço pode aumentar ainda mais, caso não chova nos próximos meses.
Já o saco de milho (correspondente a 50 espigas), vendida nos mercados públicos, custava entre R$ 12 e R$ 15 nas capitais do Nordeste e hoje está entre R$ 25 e R$ 30. No Nordeste, o tradicional milho usado nas festas juninas está sendo “importado” de outras regiões
Segundo o presidente da Associação de Supermercados de Alagoas, Raimundo Barreto, com a escassez na região, a solução é buscar o feijão em outras regiões. "Todo esse feijão que estamos vendendo aqui, na capital [Maceió], vem do Sul, especialmente do Paraná. E lá, pelo que sei, houve geadas, que também prejudicaram a produção. Há pouca oferta no mercado. Quando a gente tem um oferta pequena, o preço sobe. É a lei natural do comércio", alega
Muitas localidades estão com as terras aradas (ou seja, preparadas para o plantio), mas a falta de água impediu qualquer tentativa. Um dos que preparou a terra foi o agricultor Pedro Alexandre, 61, que não esconde a frustração com a falta de chuvas. “Todos os meses de abril e maio a gente planta. Ano passado plantei, mas como não choveu, perdi tudo. Esse ano nem plantar plantei. Está todo mundo parado, e acho que esse ano está tudo perdido.”
No assentamento Caiçara, ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), já próximo à divisa de Sergipe com a Bahia, os pequenos produtores também relatam prejuízos com a produção, mas ainda acreditam que a chuva virá.
“Aqui plantamos para consumo nosso. Mas esse ano não teremos nenhum caroço de feijão ou de milho. Pra gente é ruim demais. Vivemos da ajuda do governo [pelo programa Bolsa Família], e nosso complemento era essa plantação, que não veio por conta dessa seca. Mas tenho fé que ainda vai chover e vamos plantar”, contou o agricultor Severino Ramos, 69.
Em Glória (BA), a situação é a mesma. “Tudo está perdido este ano, não tem mais jeito. Agora, é esperar o próximo ano. Para esse, não acredito mais em chuva” relata Lourenço Félix Araújo, 68.
Para ajudar os produtores que perderam as produções, o governo federal anunciou a antecipação do Garantia Safra, no valor de R$ 680. Além disso, as famílias de áreas afetadas vão receber o bolsa estiagem, no valor de R$ 400, divididos em cinco parcelas de R$ 80

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