terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bonecos Gigantes desfilam pelas ladeiras de Olinda

Nesta Terça-feira Gorda, as ladeiras de Olinda serão tomadas pelo 26º Encontro de Bonecos Gigantes. Ao todo, 100 deles farão os foliões caírem no frevo, sob o comando de um personagem especial, o Véio Mangaba, o homenageado deste ano. Criado por Walmir Chagas, esta figura típica do pastoril profano vai direto do Ciclo Natalino para a festa de Momo. A folia começa cedo, com concentração no Largo do Guadalupe, ainda no início da manhã. Às 11h, eles seguem em direção ao Varadouro e o frevo só termina com a chegada da noite.
Segundo o pai dos bonecos, Sílvio Botelho, artista responsável pela criação e concepção dos personagens, o Véio Mangaba foi escolhido por sua característica circense e engraçada. “Ele é um véio maroto, faceiro e também frajola. Uma figura folclórica nesse universo mágico que é o festejo de Momo”, destacou. Nas últimas edições, os bonecos de Enéas Freire (fundador do Galo da Madrugada), Maestro Forró, Alcimar Monteiro e Luiz Gonzaga tiveram destaque. Outras personalidades como Chico Science, Alceu Valença e Ariano Suassuna também se encontram com os outros protagonistas da festa.
Para este ano, cerca de 12 bonecos foram confeccionados, mas nem todos sairão no desfile. Além dos oficiais, bonecos de bairros também se juntam à festa e dão o colorido do Carnaval de Olinda. Um boneco leva duas semanas para ficar pronto e o trabalho normalmente tem início em agosto. Na época pré-carnaval, o ritmo de Botelho chega a alcançar 18 horas diárias de mão na massa para que tudo fique pronto para este dia.
Atualmente, os novos bonecos, feitos de fibra de vidro, pesam até 12 quilos. Os mais antigos como o de Luiz Gonzaga, chega a pesar 60 quilos. “No fim do desfile os novos bonecos chegam a pesar 30 quilos. Mas isso aqui é muito emocionante, não tem como explicar o que é carregar um boneco desses. Perdemos de dois a três quilos, mas não há explicação”, disse Willames Idelfonso da Silva, carregador de bonecos, mais conhecido como Castelo.
O dia daqueles que fazem o desfile acontecer começou cedo. Às 4h da manhã, todos já estão na rua, trabalhando para organizar tudo. “Aos 39 anos, a ansiedade e a expectativa ainda é a mesma. O Carnaval mexe com todo mundo. O rico se diverte, mas quem brinca mesmo é o pobre, que brinca ludicamente e que gostaria que não acabasse. A adrenalina sobe quando fala a palavra Carnaval, mexe com o meu sangue, com minha cabeça, as vezes não sinto nem vontade de comer”, enfatizou Botelho.
HISTÓRIA
Tudo começou de maneira despretensiosa, com a intenção de ser apenas um encontro de amigos, mas que virou tradição e marca do Carnaval de Olinda. O Homem da Meia-Noite foi o primeiro boneco gigante da cidade, surgido em 1931. “Ele é o boneco mais charmoso e tenho privilégio de dizer que sou eu quem dou o toque mágico para que ele fique na medida para sair no Carnaval”, destacou Botelho, orgulhoso.
A Mulher do Dia, sua companheira, veio em 1967. Nenhum dos dois participa do Encontro de Bonecos, exceto em 2010, a única vez que o Homem saiu às ruas em plena luz do dia. Na década de 70, Sílvio Botelho criou seu primeiro boneco, o Menino da Tarde. Desde então não parou mais. “Esse é o que gosto mais, porque foi o primeiro que eu fiz, quando ainda era adolescente. Tenho o maior carinho por ele”, diz o artista que hoje contabiliza mais de 900 bonecos.

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