A organização Justiça Global, dedicada à defesa dos direitos humanos,
denunciou à Organização das Nações Unidas (ONU) a Polícia Militar (PM)
fluminense pela maneira como atuou na desocupação do antigo Museu do
Índio, na última sexta-feira (22). O advogado da organização, Eduardo
Baker, disse que foi entregue um documento apontando os casos de
violência policial a integrantes do Grupo de Trabalho sobre Detenções
Arbitrárias da ONU, que estão no Brasil preparando um relatório sobre o
tema.
“Durante a reunião, um dos pontos apresentados foi a ação da polícia na
desocupação da Aldeia Maracanã. Nós entregamos a eles um informe e um
pedido de ação urgente, elencando as irregularidades cometidas”,
declarou Baker. Ele citou o uso indiscriminado de gás de pimenta e de
bombas de gás, inclusive atingindo parlamentares e representantes da
Justiça que estavam no local mediando a situação.
Baker explicou que foi pedido à ONU que entre em contato com o governo
brasileiro solicitando esclarecimentos. O grupo de trabalho é ligado ao
Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, na Suíça. Os
funcionários das Nações Unidas estão percorrendo o Brasil desde o último
dia 18, avaliando as condições de privação de liberdade no país. No
próximo dia 28, em Brasília, eles vão divulgar um relatório preliminar,
quando poderão falar sobre a denúncia contra a Polícia Militar
fluminense.
A PM informou, por meio de sua assessoria, que vai aguardar o
desdobramento da denúncia para se manifestar. No dia da desocupação,
representantes da Polícia Militar justificaram o rigor na operação de
desocupação do prédio, incluindo o uso de spray de pimenta e de bombas
de gás, com finalidade de desobstruir a Avenida Radial Oeste, que
estaria sendo bloqueada pelos manifestantes. Também alegaram que
ingressaram antecipadamente no Museu do Índio para evitar que o imóvel
fosse destruído pelo fogo que atingiu uma oca de palha na parte externa
do prédio.
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