terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Noite dos Tambores Silenciosos faz pausa religiosa em meio ao carnaval


Desde 1968, pernambucanos e turistas se reúnem nas segundas-feiras de carnaval no Pátio do Terço, no bairro de São José, para dar uma trégua no lado profano da festa e cumprir um ritual sagrado para o calendário de Momo recifense: conferir a Noite dos Tambores Silenciosos. Como manda a tradição, mais uma vez os foliões se renderam às homenagens prestadas à cultura afro na noite de segunda (11). A cerimônia, iniciada às 20h sob o comando de Tatá Raminho de Oxossi, babalorixá do terreiro de Oxum Opará, contou com o encontro de 26 nações de maracatu, que reverenciaram o dia das almas nas religiões de origem africana.

Entre os participantes do encontro, estiveram o Maracatu Nação de Luanda, Nação do Maracatu Elefante, Nação do Maracatu Estrela Brilhante, Maracatu Nação Leão da Campina, Maracatu Nação Raízes de Pai Adão, Maracatu Nação Centro Grande Leão Coroado, Maracatu de Baque Virado Nação Tupi Nambá, Maracatu Nação Rosa Vermelha e Maracatu Nação Estrela de Olinda.

O governador Eduardo Campos engrossou o público dos que presenciaram a homenagem. Para o chefe do Executivo, o evento deve contribuir para assegurar o fim das marcas do preconceito, da desigualdade e da discriminação. "É grande dívida que o Brasil tem com o povo africano", destacou.

A Noite dos Tambores Silenciosos é uma cerimônia de origem africana que reúne nações de maracatus de baque-virado de todo o estado. O objetivo é louvar a Virgem do Rosário, padroeira dos negros, e reverenciar os ancestrais africanos, que sofreram durante a escravidão no Brasil colonial.

De acordo com a bibliotecária Maria do Carmo Andrade, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), “os ritos de reverência aos antepassados é um costume que os escravos trouxeram para o Brasil, como na cerimônia de Coroação do Congo, onde elegiam seus reis e rainhas, lamentavam seus mortos e pediam proteção aos Orixás”. No Brasil, os negros privados de sua liberdade não podiam manifestar suas crenças e tradições. Por isso, eles realizavam os cortejos de lamentações às escondidas e em silêncio, dando origem, mais tarde, ao nome da celebração.
Fonte: DP

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